Preciso Chegar em Fugacity
A ave nômade voa no cubículo, irriquieta.
Desesperada foca a aerofotogrametria de plagas
inexistentes num tour.
Delira. Vê-se remando solitária a ilhas que vão
se desmoronando e, em círculos, rema e rema
voltando ao ponto de origem.
Inerte, pensares brancos a sufocam e a detém
num intervalo memorial de pulsação lenta.
Impaciente com a calmaria a irritá-la, atravessa os
cômodos da casa térrea pra zanzar na cozinha.
Toma um café, fuma um cigarro.
Fuma outro cigarro, toma outro café.
Abre a porta. Vê as lanternas dos pararraios e antenas
dos prédios: vermelhas, amarelas.
Pensa:
"Lá na frente tem uma plataforma no chão tátil, acima
de todas as cabeças, onde a soledade me espera e faz
morada. "
A ave está livre do cubículo cotidiano.
"As setas do labirinto me levam ao reverso deste cenário
absurdo. Preciso chegar em Fugacity. Preciso remar.
Preciso chegar em Fugacity, preciso."
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