a morimbunda.
num élan belicoso
só com as hastes desfolhadas
cheguei à porta da morimbunda
descendente dos tupinambás
que me aguardava na álgida madrugada
o vento e o rocio:
um duo perfeito
a gelar até os ossos
de um cão pelado
bati:
toc-toc!
e uma voz máscula e grave...:
- quem é?
abriu a porta desalinhado
com a canhota segurava o pinto amarelo
que piava um piu-piu rouco
ele nu com o pênis semi-duro,
como se acabara de cometer o coito,
não deu lhufas pra mim e começou a mijar
na entrada da porta como se demarcasse seu
território.
-- preciso falar com a Vixinischi - disse-lhe.
-- ela está dormindo e febril - respondeu.
-- olha, trouxe-lhe o santo remédio pra doença dela.
ele pôs o pinto caipira na minha mão, um presente que
fora buscar, que a Vixi me prometera assim que
sua galinha chocasse.
-- toma aqui e tchau.
deixei a erva nas mãos do meu sócio. saí com o pinto
na mão, enquanto ele me fitava da porta entreaberta,
ainda escondendo o pênis melado com olhar de
desconfiança... e fui andando meio aperriado.
a poucos metros escutei os gritos da morimbunda
e os sons de arremessos de utensílios domésticos.
a coisa mais chata que existe e ir visitar a amante
e encontrar a cama ocupada por um mulato
aventureiro que nem sequer tem o menor sentimento
por alguém que você acha que ama, do tipo
que chega, come, pega sua trouxa, faz umas
promessas e some.
eu?
pelo menos, antes de uma ejaculação, penso no ser
humano. vou ficar na espreita. voltarei quando
o pintinho se tornar frango. isso se minha predileta
estiver livre da tuberculose e tiver mandado o crápula
cantar em outra freguesia. se eu fosse o 'hulk' dava
um cacete nele. esse mundo é mesmo animal.
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