quarta-feira, 21 de julho de 2010

POEMA EM TRANSE

POEMA EM TRANSE

onde estou?
quem sou eu?

quem são vocês
seres esvoaçantes
vultos da luz do dia ?

porque treme
feito gelatina
esta luz que não alumia?

todo rosto é sem cara
toda cara clara
parece nublada

parem!
não me açoitem!
espantem estas borboletas
estas mariposas piscantes
estes olhares xeretas!

olhem
o trem sobre o mar
pra onde ele vai?

quero apagar
esta ótica irreal
não posso

sou uma memória sem corpo
zuim! zuimggg!
um avião levantou voo
tirem as patas de mim!

não quero acordar
mas preciso
tocar a mancha transparente
tatear as coisas sólidas

cadê meu caderno?
... o eremita quer sair da toca
me toca
há um mundo bem melhor
inescrito
sem destino sem rota

gravitando
para além dessa visão enganosa

não me roubem
estes minutos sombrios
se deles
quero fazer um a prosa multicor
que ninguém entenderá

não me acordem!
quero gozar
entrar de cabeça
xô calmante!
xô sonífero!
quero vagar no universo
sem sair do lugar

onde estou?
quem sou eu?
quem são vocês?
que dimensão é esta?
não sinto meu corpo
mas penso
no lenço ao vento
que não sabe onde vai pousar

penso que aqui não sou eu
mas sou sem estar

outro alucinógico quiçá
... meu lápis! meu lápis!
não digo nada com nada
meu lápis-lapso
me deem já!
pra não fugir esta loucura.

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