quinta-feira, 30 de setembro de 2010

À ESPERA DA MEIA-NOITE

À ESPERA DA MEIA-NOITE

23h50. --
Num ataque cíclico e píssico, risco um xis no lado esquerdo do peito. O alvo: meu coração quente, ora gelificado. Preciso morrer urgentemente. Não tenho descendentes nem sinto
saudade da sujidade que me cerceia e me cerca dentro do que não sou, dentro do calidoscópio de
relembranças intermitentes. E, se fui outro, já nem sei da letargia em que me vejo como o manequim em que os olhares de desdém deixam-me caído, de bruços, sem que viv'alma o coloque na vertical. Quero morrer. Definho ao som dum rock dos anos 70, um clássico que me traz à tona
eu vestido de roupas psicodélicas para ser notado. Mudo de estação: um som que até hoje adoro:
"Maracatu Atômico". Outra estação... até chegar à voz dum pastor que prega o exorcismo dos
demônios desde o gene (...). Como é bom morrer na primavera paradoxal -- penso -- ...nas
chuvas, nas lesmas subindo as galhas, os muros... no barro podre e fétido onde as sanguessugas
procriam tal resumo de chiqueiro existencial. Ah!, como suguei tantos sentires nas falas como
notas dissonantes da melodia universal de desejos e frustrações! Ah!, como é bom divagar sobre
o diz-que-diz dos nichos da teórica e heterogênea união de irmãos e meio-irmãos que me olham
e nem me veem. Ah!, quanta patifaria nos lares reprodutores da cartilha pueril que se torna descabida à crescença ambiciosa. Ah!, o dardo venenoso, imprevisível, que fere o momento
feliz e possível que o meio permite. Ah!, somos nada, apenas dependentes do outro e, pelo
outro, vivemos. Ah!, iluminado sou!, por projetar meu fim e rir dos espíritos assombrosos!

23h55. --
Do que me lembro? Lembro-me que roubava figurinhas para o ábum que jamais preencheria.
Lembro-me das frutas roubadas para matar a fome menina. Lembro-me da primeira vez que
pus os pés em São Paulo. Lembro-me que sempre fui cigano socializado, um pária sem ideologia
que nunca quis ter um carro, uma casa, uma caderneta de poupança, um nome. Que nunca quis
herança, mas quis um amor inocente (canafeuniano) que jamais realizou-se. Por quê!? Porque
sempre senti-me observador: o espectador, não o protagonista. Sempre contentei-me com
migalhas, pois o pivete de rua nunca ausentou-se de mim. Amei as mulheres que tive, as
respeitei, ciente de meus "élans" casuais, limitados.

23h58. --
Penso na minha mainha que morreu cancerosa. Penso que foi a pessoa mais honesta que
conheci. Dela guardo a imagem, um tanto distorcida, em que de sol a sol eu sofria ao vê-la
definhar-se puxando água do poço fundo. E também de como eu sorria por ter um prato de angú
de fubá e couve na mesa pensa de quem pensava em enganar minha fome. Antes de morrer,
já em estado terminal, lembro que lhe prometi um bom vinho português, um naco enorme
de mortadela defumada e muitas, muitas azeitonas verdes e pretas pra ela esquecer-se
da vida miserável que teve ao lado do meu pai. Contudo, no final, só me restou vê-la com
a cruz de chumbo às costas e sentir o quão impotente e frágil é a vida humana. Minha mãe
nunca pegou um trocado e gastou com ela mesma. Foi o atributo que me deixou.

23h59. --
Quem ficará com meus trecos, meus objetos e textos medíocres? Há um silêncio inquietante
nesta sala quebrado pelo tic-tac do relógio analógico. Já não me recordo de tudo que escrevi.
Não me recordo de meus inimigos e desafetos. Gostaria que eles soubessem que sempre
convivi com um monstro dentro de mim: o da indignação. Vida longa a todos! Meus poemas são decadentes, feios demais... mas, em respeito à poesia, não direi um só palavrão nem pensarei
em cacofonias... não e não! Ponto. Meu ato seguinte não será de covardia, pelo contrário.
Será um ato original, talvez o único em que satisfarei meu real desejo "na fissura", embora
o espelho desta cômoda em que escrevo insista em me dizer: "fique um pouco mais".

24h00. --
Está consumado. Gotas de sangue mancham minha camisa e calça brancas. Estou trêmulo.
Estou no centro do campo e os espectadores estão na expectativa... eles vibram no aguardo
da espetada final. Experimento meu suor. Meus pelos estão eriçados. Vou simplificar: na
gaveta tem meu revólver com duas balas no tambor pra desencargo de consciência. Só preciso
de uma. Deito-me na cama desarrumada e mal-cheirosa. Vejo soldados num campo de batalha,
corajosos, atirando e fincando as baionetas uns nos outros... e o coração plasmado pela mão da natureza desfaz-se com a avalanche em qualquer monte Everest na estação vernal. Pássaros
negros, nômades, perfilados como flechas de setas pontiagudas, rumam para não sei onde
no vazio grafite de pigmentos brancos borbulhantes em minha última visão e pensar reais.
Eles, os soldados, matam para não morrerem; eu, morro agora pelo medo de matar.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

...

...

RECORDO AGORA
OS ANOS QUE SE PASSARAM
DE MINHA JUVENTUDE

DESFILAM NA MINHA MENTE
TANTAS FRUSTRAÇÕES
TANTOS ESFORÇOS INÚTEIS
TANTAS BUSCAS INFRUTÍFERAS

E HOJE
AO NOTAR A PELEJA CONTÍNUA
SEM TRÉGUA
REVOLVO MEUS VIVERES
EM PROFUNDAS ESCAVAÇÕES
NA ÂNSIA DE ENCONTRAR
ENTRE AS PÁGINAS DESCORADAS
A RAZÃO QUE JUSTIFIQUE
A IMUTÁVEL SOBREVIVÊNCIA

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

debaixo do meu chapéu...

debaixo do meu chapéu...


tinha um pássaro amarelinho
que fez seu ninho
debaixo do meu chapéu

tinha um arco-íris
que entrecortava de fora a fora
o horizonte do azul do céu

tinha uma sinfonia de beethoven
que só os ingênuos ouvem
não catalogada
tão serena e leve
como o cair da neve
na esperada alvorada
que eu assobiava ao léu
debaixo do meu chapéu

quando a donzela
vinha se achegando
abanei-o em saudação
mirando a capela
por tanto amor
menos por educação

mas ali parado
por ela desnotado
senti-me judiado
quando ela virou o rosto
pro lado errado
de minha ilusão

então

o pássaro migrou
abandonou minha percepção
o arco-íris se dissipou
ensurdeci-me à canção

segui pela estrada
com a cabeça de pesar pesada
com meu chapéu na mão

terça-feira, 21 de setembro de 2010

a consulta.

a consulta.

aí vem o analista
e lhe dá um paleativo.

nem viu a careta que ele fez
espelhada em sua bola de cristal.

-- mas dotô, a dor que me incomoda
tá meio fora de moda... é dor de amor
sempiterno, acho.

-- ôô cabrão! que puta maricas és.
sejas macho, tchê. aguenta firme
e fala pra tua velha dar-te a dose de
8 em 8 horas que vais esquecer da puta
por mágica.

-- sei, sei. mas dotô navarro, que porra
de sonífero é este?

-- é minha receita pra corno manso
que acha que analista resolve a pendenga.
fuerza hombre! procura uma prenda mais
honesta que não manifesta subdesejos
indecorosos à bem valia da família
tradicional.

-- ahn! mas dotô, eu apenas quero esquecer
minha avó de 100 anos que ontem foi sepultada
e nem tive tempo de dizer-lhe adeus. e minha
mama querida me abandonou por um uruguaio
enquanto meu pai dava um duro danado
pelas estradas brasileiras e não marcava ponto
em casa.

-- ah, está explicado. se não és corno, cancela
esse paleativo. toma o cartão. vá até a cabocla jurema,
a benzedeira, e toma um passe. meus honorários
custaram-lhe a bagatela de 500 reais.

-- quêêê!! o senhor não resolveu meu problema!

-- ué? não leste a placa na porta de meu consultório?...
nela está escrito em letras garrafais: "Assistência
Amorosa e Encaminhamento a Almas Sofredoras & Afins".
é meu amigo, é o preço da informação.

-- só que com esse 'quinhentão' vou comprar um
plano funerário pra mim, pois certamente
virarei matador e perseguidor de cabrões como tu
que, em vez de fazer uma lavagem cerebral no
paciente, acaba por poluir o resquício de afeto
que ele inda possui. tá vendo o brilho
do meu trabugo?

-- soy macho sô! não temo a morte nem levo
desaforo pra casa, principalmente de bundas
moles com flertes psicóticos de machão...

-- ah é!

três tiros. dois no peito do analista e um que
estilhaçou a bola de cristal. estava feliz.
foi a floricultura e comprou um buquê de flores
para decorar o túmulo da avó. e já que não tinha
mais ninguém prometeu a si mesmo matar aquela
vadia que o traia com o dotô. e deveras resolvido
iria, pelo menos, escutar uma palavra
de conforto com a cabocla jurema e contar
seu caso. ah, mas se ela vacilasse com uma estorinha
própria dos charlatães, hum! -- mostraria-lhe o cano
reluzente de seu .38 dentro de sua ceroula e nem que
fosse de mentirinha ia ter de resolver seu caso (de polícia).









e

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

balada do amor perfeito.

balada do amor perfeito.

amor no peito
se ajeita
numa viela estreita
onde só passa um

que diz que a receita
é a convivência
de quem espreita
e suspeita...

aí o jacu-lambe-cu
replagia indiferente:

ó coração inconsequente
que vive no aperto do nó
meio sem jeito
há um caminho ao nada
na jornada descompassada
pipocando em baticum
queres carregar
a chama do amor perfeito
de dois que se tornam um?

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

seis palavras em exercício

seis palavras em exercício.




seis
palavras
mudas
não
dizem
basta!

basta!
seis
mudas
não
dizem
palavras

seis
palavras
mudas
dizem
não
basta!

não
dizem
não
basta
seis
palavras

mudas
seis
palavras
não
dizem
basta

dizem
basta
seis
mudas
não
palavras

poeminha infantil.

poeminha infantil.

marimbondo vinha voando
pousando em balé
picou a cabeça do mané
não doeu nada
seu mané usa boné
olé!

marimbondo quis picar
a crista do garnizé
levou uma bicada
zonzo deu de cara na escada
parece que ficou lelé
olé!

sai do meu pé, chulé!

a ...eta da julieta.

p/ bocage.

a ...eta da julieta.

como fico teso na cozinha
dou uma paradinha
em câmera lenta
enfio goela abaixo
um teco de polenta

ahhhhh!

a ...eta da julieta é preta
imunda como o rabo da marieta
que fazia careta
quando via meu perneta
atrás da mureta
pau de galinheiro
de tantos paus
que ali deixam suas marcas

a dita cuja
tem pêlo pra todo lado
uma abertura imensa
não fica na vertical
tá sempre pensa
todo homem quando vê a ...eta da julieta
fica de cabelo em pé
e o resto dormente...
cheira
tateia
faz cara de quem comeu e não gostou
aquela cara de humilhado indigente
pega o boné
num prejulgar inclemente
(dá pra dormir com um barulho desse?)

credo, como fede, parece que ela não lava a ...eta.

tô aqui batendo uma e pensando
na ...eta da julieta.
nossa! que pressa a minha!
justo agora
o molho branco caiu da minha mão
borrou minha calça azul clara
ah, se a jussara
perna de taquara
rival dela visse
ia pensar o quê?
ia fazer um auê
achar que sofro de ejaculação precoce
maldita tosse!


ainda não estou satisfeito
vou bater um pouco mais
como cansa!
estou molhado de suor
pelo esforço repetitivo
ei! parece que o fermento é bom
como cresce!
nossa!
nunca vi crescer tanto!

ah, se a julieta estivesse aqui
abrindo a ... eta pra eu ver...
é que sou curioso,
fogoso e o escambau
cara de pau até
por pensares libidinosos que me vêm
sobre a julieta e sua ...eta

a ...eta da julieta é preta
sou doido pra fuçar nela
a massa da torta tá no ponto
o molho jogarei por cima
preciso descansar

como será a ...eta da julieta?...
se a bolseta fede assim
imagina a bolsetinha escondidinha
dentro da calcinha
perto do ...etão
onde ela guarda seus trocados...
(sei tudo sobre ela)

ah, bolseta, é com esse...?

terça-feira, 14 de setembro de 2010

atemporal.

atemporal.


no chã árido de plantas súbitas brota o verde empós dos temporais. o corpo frenético de um ser esquelético afunda lameado na derradeira miragem de um sol a moldar relevos paradoxais do tempo primaveril que, quanto mais nasce, mais morre a abstração futura na querência imensa de andares retroativos do presente mutável. há de se ludibriar ainda, pois o frescor d'água que o brinda tão efêmero é tão-somente o desejo, a volúpia, de um passo de cada vez do caminheiro
insatisfeito rumo ao horizonte metamórfico em que ele apenas passa sem se importar com seus descartáveis pensares: sinônimos do espelho que o molda.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

a bendita foi-se.

a bendita foi-se

chegou com sua malinha.
de repente.
parecia santa peregrina
em dia de procissão.
malandrou-se.
maquiada
coloriu minha vida.
rezávamos todo dia
à nossa eternal felicidade,
aí começou ir pra cidade
e o diabo dela se apoderou.
tanto ela me jurou
com os te amo ilusórios
que corri em cartórios
de casórios
pra legalizar nosssa situação.
agora,
depois e eu ter-lhe dado pão
me vem com a separação.
disse-me que ia montar um alazão
na garupa de um cabrão.

lhe respondi: vá então -
da porta da casa
com a foice na mão

é.
a bendita foi-se.
maldita hora
que deus atendeu minha oração
e me deu uma santa do pau oco.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

paineira velha - 2

paineira velha - 2

ah, paineira velha
de idos carnavais
por que te vejo
como um beijo
que não provarei jamais,

tua sombra
assombra meus ideais
tais a ti sentir-me
esquecido
em cada flor nascida
na primavera da vida
que revela meus ais

sábado, 4 de setembro de 2010

paineira velha

paineira velha.

paineira velha
de beira de estrada
tanto fui e vim
tanto vou e volto
de tudo que eu sabia
de tudo me revolto
se já não sei de nada
nem duma nova jornada
nem mesmo de mim

paineira velha
de beira de estrada
onde o pássaro faz morada
mora nos meus olhos
ó marco de encruzilhada

de frutos na caminhada
que não colhi
vendo tua copa florida
na vida encantada
sinto que por ti passo
tão só como tu
resistindo ao tempo
de um portal ao vento
ao relento
da lua apagada

que vai se abrir
luzir
se sei tudo que sei
já de saber de tudo
meu coração mudo
nas rédeas da esperança
nunca se cansa
de tantas viagens

desde tua sombra
a lúdicas paragens
dum corpo sofrido
que cansado descança
livre leve criança

ó incontida festança
estrada da paineira velha!

que minh'alma não fique calada
se eu um dia não regressar

estarei como tu esquecida
na primavera da vida
que daqui vejo noutro lugar

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Pro deserto do Sertãozinho, já!

Pro deserto do Sertãozinho, já!

Ah, quanta bugiganga! Eu numa tanga de dar dó.
Já masquei todos os cravos. Tô com a boca amarga
que nem jiló. Eu bem que podia ganhar na loteria,
a da contravenção tipo jogo do bicho. É, mas só jogo
na 'das frutas'. Quantas combinações dão? Tem um
matemático de plantão? Tem aí? Ah, tem um pequeno
detalhe: além da combinação (joguei na morango/pitanga),
pra ganhar, tem que se acertar a dezena do primeiro
prêmio da Loteria Federal.

Ô vida fubanga! Por onde andará a maluca Vanda... Faz
6 meses que ela foi pra Boiçucanga... Preciso sair
urgentemente de rolê. Aqui sou livre, sonho, mas não
me convidaram para o boi no rolete com chope zero grau
lá na fazenda californiana de Ribeirão Preto. Ô vida de
gado!, como diz o Zé Ramalho...

Mas num-é-qui-é?! Não tem data marcada meu funeral.
Ói lá o cara no caixote que nasceu nu, mas que de terno
e gravata faz a última viagem...eu não!... quero ser
enterrado nuzinho da silva, ao sol e som das ondas,
por um caiçara de pele pigmentada de picadas de mosquitos
e pernilongos.

Pelo menos lá na baixada não vão me prender por
vadiagem. Que bobagem! Esta vida de andejo é sacanagem!
Quanta pilantragem! Acho que sou igual ao 'pequeno
gafanhoto', Kwai Chang 'Caine' do David Corredine, só
que não sei lutar kung-fu. É. Pois é, ó! O mundo me parece
pequeno no mapa que carrego na mochila. Maior que o mundo
é o problema de eu encontrar a mim mesmo.

Vou indo. Pelo menos lá no Sertãozinho posso alçar voo
sem sair do chão. Lá sei que estarei só, mas sem essa de
solidão, meu! Ué? -- perguntam os consumidores de
shoppings e supermercados -- como vai alimentar-se
por lá? Ah, os miseráveis de lá não negam um prato
de comida -- respondo e fui!

o esse.

o esse.


morrerei no futuro
no presente que lá acontece

mas agora
de tanto viver
até de morrer
a gente se esquece

na hora
que o plural
meu dia envelhece com um "S"

pensamento.

pensamento.

pinto um quadro mental
em pinceladas na areia

mas não sou artista
de cometer atos
que a bela vida enfeia.

um pensar entremeado por uns puns.

um pensar entremeado por uns puns.



a fumaça vem da chaminé
do escapamento dos autos

na cidade

onde se esconde meu quarto
poluído por um pum que soltei
pelo cigarro que acendi

sei não, ahn-ahn
(pausa prum pigarro)

esse negócio de poluição
acho mesmo um sarro

homem versus máquina
criador versus criatura

já nem sei
se se polui mais com o cu
ou muito mais com a mão

mas até a máquina cabeça
de pensar
fede pra cacete

"um cara inventou um bracelete
que inibe o peido e desintoxica o pulmão.
se a moda pegar vai ter passeata na são joão
contra a repressão a favor da despoluição
ecologicamente correta. será? "

nem precisa ser profeta
pra antever a ebulição

quem polui com gases venenosos
que fique com o cu na mão

"do meu quarto pra outros quartos
é este meu recado até os confins
biosféricos a capitalistas estratosféricos
que ainda vão extinguir toda civilização.
ponto final. tá vindo unzinho. quanto egoísmo
o meu..."

DIFERENÇAS DE ESTILOS

DIFERENÇAS DE ESTILOS

UNS USAM O CONCRETO PRA FALAR DO IMAGINÁRIO;
OUTROS, O IMAGINÁRIO PRA FALAR DO CONCRETO.

classes.

classes.

de cócoras
do alto do morro
de favelópolis
mastigando chiclete
chupando um drops
o piá mira
o outro da urbecapital

que num dos prédios
como ele
desentende os porquês
dos nichos vivenciais,

entre eles há um muro invisível
de nortes infindáveis,

um dia
na rua
talvez até se cruzem
cara a cara
em desejos enclausurados
nos desvalores
do senso comum
que os levam a ver
sempre um degrau acima

da escala na escola
de classes ABC
na única lição vital a todos:
VIVER
a qualquer custo.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

quadrinha

quadrinha.

da veia jorra sangue
da mina água
minha mágoa cobre o mangue
onde o mar pequeno nele deságua.