sexta-feira, 22 de abril de 2011

ANDORINHA QUE FAZ O MEU VERÃO

Andorinha que faz o meu verão.


quero-quero
uma paixão desigual
espero que me espere
ó fulana de tal
nem que isso gere
notícia no jornal

pois, se te quero-quero
pra trocar um lero
poderás dizer por aí
que sou mesmo espacial

que as normas infringi
de tanto querer-te
meio que astronauta
gravitando em torno de ti

"oh, the earth is blue"
"i'm a fool"

mas te quero
estás pra mim
com roma pra nero
que pôs na cuca o quero-quero

(será que contabilizaram as andorinhas
que, nos ninhos, foram assadas naquele
fatídico dia?)


contudo, fulana de tal
num contraponto
digo-te

és a andorinha que incendeia meu verão
embora eu não seja deste planeta

como loucura pouca é bobagem,
é estar fora de órbita,
procure no obituátio do jornal de ontem
e certifique-se que já morri, ou melhor,
que morreu um cara de nome e idade
iguais aos meus. descreia. pura coincidência.
as letras conspiram contra mim e etc.

vale a ideia e o desejo.
falando em coincidência, o periquito
do realejo embicou um cartãozinho
que dizia assim:

"quero-quero
por ti espero
pra depois dum lero
irmos às alturas"

por isso escrevi, meio aéreo, esta
proesia, ou salada de gêneros
não genérica, pois, às vezes,
minhas carências saem ou soam
irônicas, ironizadas...

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