terça-feira, 17 de novembro de 2009

UM CAUSO

UM CAUSO

Dois caiporas conversando, encostados
no mourão da porteira:

-- Sabe cumpade, o Jão Leitão morreu de água no joeio.
-- Hã! Como foi isso, cumpade?
--O Zito Ferrero catô ele de jeito lá na barranca do rio.
Mandô ele entrá n'água com as mão e os pé amarrado.
Fincô uma vara, no barro, prele se apoiá.
-- Mas como, cumpade, uma vara?
-- Sim sinhô. É que o Zito sabia que o Jão Leitão num
pudia ficá de pé, por causa da água no joeio. Aí, o Zito,
mandô ele plantá bananeira, apoiado na estaca com
água inté o joeio.
--Intão ele morreu afogado, né cumpade?
-- Verdade, mas com água inté o joeio.
-- O Zito tá funicado, né?
--Num sei. Sei que ele levô a muié do Jão com ele.
Parece qu'ele virô matadô, virô capanga dum coroné
lá do Mato Grosso. Vigilante, sabe cumé! O Zito
fica armando as arapuca pra quem tentá se aproximá
das muié do coroné.
-- É meió nóis tomá uma com carquejo. Como o cumpade
soube do causo?
-- O padre contô na missa. Disse que o Zito ficô endemonhado
quando pegô uns bietinhos, que sua muié mandava pro
Aristeu Boca Rica, na carteira do Jão.
O Aristeu ninguém sabe, ninguém viu. Escrafedeu-se se.
-- Vamo picá a mula. Correio, né cumpade?
Ovi dizê que lá em Sum Paulo as gentes conversa
nas televisãozinha...
-- Pois é, né. Sabe que a cumade tá me encheno o picuá
preu comprá um computadô!?
-- Num diga. Num carece não. A minha tamém.

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