terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Quantas vezes ainda vou querer?

Quantas vezes ainda vou querer?


Se tudo que escrevo é tolice
Meu caro e distante desconhecido
Saiba que pra alguém tem valor
Mais vale tudo ter-me acontecido
Não sou poeta muito menos escritor.

Com poucas palavras falo tudo
Sou o que elas podem realizar,
Meu pensar pra falar é mudo
Sou um nada que virá à tona
Quando findar-se tua leitura
Deste infeliz texto cafona.

Quantas vezes eu quis ser milionário
Pra dum palacete feliz acenar
Ter meus carros, casas, mulheres...
Sentir-me otário com alto salário,
Ver no inimigo um amigo pra tudo desfrutar.

Quantas vezes eu quis ser qualquer doutor
Até professor pra minhas licões ensinar
Ter um carro, uma mulher... uma vida digna
No paradigma de meu ínfimo mar,
Catar meu inimigo pra sua ferida curar.

Quantas vezes eu quis ser pastor
Pra minhas orações rezar,
Ter minha igreja, uma casa... almas pra salvar
Ao som de hino e canglor,
Fazer dum inimigo um amigo pra comigo orar.

Quantas vezes eu quis ser político
Desprovido de senso crítico
Pra meu ideário promover,
Ter minha casa, carro, puxa-sacos, poder
Ter de meu inimigo o voto pra vencer.

Quantas vezes eu quis ser profissional
Sem ter talento etc. e tal
Pra tantas funções querer exercer,
Ter minha casa, carro, mulher
Fazer dum inimigo uma peça a me preencher.

Quantas vezes eu quis ser eu mesmo
Pra minha vida bem viver,
Ter um lar, mulher, filhos, e carro e salário
Ciente de ser ordinário, o mais vil ser,
Fazer dum inimigo um amigo pra comigo vir beber.

Nenhum comentário:

Postar um comentário