sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

SINAS

SINAS

Éramos muitos -- e nosso amor, nossa comida, nosso
sentimento -- eram comum a todos.
O tempo foi nosso ínico inimigo e com outras pessoas
nos misturamos.
Lembro-me das brincadeiras à beira da rua, das brincadeiras
nos galhos das árvores. Dividíamos nossos trocados sem
pensar na vida. Falávamos dos moleques da cidade, do
encontro escondido com uma menina noutro dia.
Lembro-me de nossas roupas, fazíamos a moda. Nosso
círculo era fechado as más palavras, e tantas piadas
rimos. Lembro-me dos versos sem rimas que fazíamos rimar.
Lembro-me das correrias tolas ao redor dos quintais e do local
onde toda noite a gente se encontrava.
Lembro-me de nossas pombas, de nossos estilingues. Lembro-me
até de nossos pensamentos, de nossas brigas de um dia. Nossa
maior felicidade era a de apertar as mãos logo depois. Lembro-me
que queríamos consertar o mundo que não entendíamos, ali,
mergulhando do barranco no rio lamacento ladeado de olarias.
Vejo o passado -- imaginando-os hoje em situações diferentes.
Imagino-os homens agora. Acho que continuam os mesmos.
Só eu continuo no mesmo lugar. Até sorrio, pois sei que vocês
têm novos amigos. Será que ainda se lembram de mim?
Sozinho, ainda faço minhas orações na cama, ciente que o
passado nunca voltará. Mas sempre os recordarei à espera
que todos voltem pra sermos um novamente: um grupo
de amigos que jamais terei.

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