quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A FOME

A FOME

Eis que vai a pança vazia
Brigar por migalhas de pão,
Eis que no recanto
Dá-se filé ao cão

Eis que a fome
É mais que pão e filé,
O que mais dói
É a fome de amor
Insentida
Que não está no palácio
Nem na casinha de sapé

Há sobras no lixão
Produzindo gás inflamável,
As ratazanas estão gordas
O corpo magro definha
No monte de comida apodrecida

Há fome! A fome!
Caros cabeças
Cara ONG ausente,
A produçaõ excedente
Tá no olho de gente
Que a pança encheria

Como é cômodo
Ter a geladeira
O armário de mantimentos
Repletos,
Petiscar frente a TV
E ver que há fome estampada
Nos esqueléticos etíopes

Há fome!
A fome
Não sai do meu raciocínio

NOTEM
Há fome! A fome!
SINTAM
A navalha no intestino
Da pança! Da pança!
Com fome! Com fome!
Dum ato de amor

Um mendigo pediu-me
Um prato de comida.
Dei-lhe uma cesta básica.
Sinto fome, disse ele.
Chorei.
Sinto fome, deus meu,
De jejuar aos pobres!
Sinto ter a resposta
Que nunca há de globalizar-se.

PM.

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