quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

PRISÕES

PRISÕES

aqui onde estou os mosquitos me aborrecem
um cão geme o pão diário deitado no chão
a janela está fechada, meus cachos crescem
o lâmpada acesa, o céu relampeia em trovão.

aqui sou prisioneira, mulher sem perdão
o teto podre todo dia range pra desabar,
de minha sacola tiro o último teco de pão
um dia eu mesma precisarei me libertar.

nos olhos uma porta de aço faz-me lembrar
hoje eu gostaria de estar entre cavalheiros
hoje eu gostaria de ter minha paga e cantar
mas tudo é-me flores em jazidos canteiros.


gostaria de estar à beira dum rio imaginando
saudade daqui que dúbia teima em voltar,
um anjo amigo na esquina está me esperando
na face de meu homem eterno fora do lar.

minha casa já não casa, enfeia o fétido pombal
nela perco o medo, fecho a porta para o mundo
sou prisioneira da liberdade longe do súbito mau
entre insetos, um cão e um querer vagabundo.

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