quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

NO DIA DE MEU NIVER

NO DIA DE MEU NIVER


Tava um frio do cacete.
Não pesquei nada, ó, só peguei canseira.
Os peixes estão em greve, pensei, fazer o quê?
Na volta, ali, esperando o busão, um puxadô
de carrocinha, sei lá, catador de lixo reciclável,
veio em minha direção ao notar minhas varas.
Parou e me convidou pruma pescaria na baixada.
Disse-me que tava dando tainha pra caralho.
-- Meu, só 20 conto fica a parada. Só vai sangue bom.
Mas se você quiser dar um tiro, tá ligado, tá limpo,
cada um, cada um...
Deu-me seu número de celular e disse que ia marcar
comigo, sem furo - já que gostara de minha personalidade(?).
Enfiou-se entre as hastes paralelas da carrocinha lotada
até a tampa , e se foi na contramão da avenida movimentada
no lusco-fusco do dia, pra mim neutro, ofuscado?
...

Cheguei no meu barraco pra correndinho dar um tapa no visual.
Tomei um banho, ó, fui pro forró, pois acho mais fácil descolar
uma mina por lá. Antes, porém, dei uma passada no baile
da sociedade politicamente correta, por volta das 8 da noite.
Tomei umas brejas por lá e fiquei do jeito que o diabo gosta.
...

Tava meio torto no forró. Uma maluca tocou no meu ombro.
Pediu-me um gole da minha latinha. Disse-lhe que não, mas
que pagaria uma cheia pra ela. Ali, trocando umas ideias,
tentei até dançar com ela. Sabe cumé alegria de bebum em dia
aniversário...?
A mina achou-me bonitão, disse que tinha 22, e uma buceta
enorme. E por vintão me faria uma chupeta em qualquer
canto.
Fui no embalo. Na caminhada notei que ela tava com as persianas
baixas e brilho nos olhos próprio dos viciados.
Paguei-lhe um churrasquinho em frente a estação do trem ali de
Mauá. Meu, a maluca tava esfomeada.

Levei-a num hotelzinho meia boca. Ela foi dar um mijão.
Fiquei de pé, estático. Na saída do banheiro ela mostrou-me
sua avantajada buceta. Disse que não transaria comigo.
Trato é trato. Tirei uma nota de 20 do bolso e lhe dei.
Colocou a camisinha no meu pau que teimava em não levantar.
Chupou e chupou. Não senti tesão.
De repente ela se levantou da cama e saiu em disparada.
Claro que ia comprar crack, fumar o cachimbo da paz.
...

Na caminhada de volta, meia-noite mais ou menos, embarquei
no último trem: "como uma garota tão bonita se perde assim?"
Não queria mais comemorar(?) porra nenhuma. Que vida é esta?
Todos estão desesperados, carentes, excluídos, ou, se
autoexcluem duma e doutra forma.
A depressão é foda. A dela, a minha... a de todos...

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