segunda-feira, 16 de agosto de 2010

alguém atenda, por favor! (ocupado...)

alguém atenda, por favor! 



quis pegar o táxi mortal
na beira do mar
escuro de seu resumo
ora imerso
ora emerso
riu como o palhaço
no picadeiro
que leva a vida a sério

ia e vinha pelos cômodos
de quês irrespondíveis
ora gostava e morria
ora odiava e vivia
no puleiro de ideias
como o pássaro irriquieto
na gaiola seu muro
a separá-lo do normal

precisava duma voz
qualquer voz
que saísse do pêndulo
de um relógio
ora pra lá
ora pra cá
um sim um não!

por um triz
perdia o jogo...

já o motorista o aguardava
na frente da porta
buzinando em eu ouvido
frases barulhentas de morte
descartando as cartas da sorte

um número!
qualquer número!
qualquer desconhecido
de uma lista telefônica!
uma supersônica mensagem!
um beliscão!
um toque!
um choque vertiginoso!
uma fuga impossível!
explosão!
e o silêncio imortal
de um olhar ao céu


discou a esmo
em sua teoria existencial
uma voz disse-lhe 'fique'
não apresse os dias
sofra um pouco mais
sorria
ironize à condição humana
de milhôes como você
virando-se na cama
quanto mais se expandem
mais o isola

a solidão é a metade
que te faz inteiro
afogue-se
em suas mágoas
e perca de vista
a imensidão do mar
e perca essa coragem
de derrotar-se

alguém atenda
diga um oi
ele precisa sentir-se vivo
quando o vizinho lá do prédio
apaga as luzes
pra acender seu desespero.

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