quarta-feira, 4 de agosto de 2010

ENGRAÇADINHA

ENGRAÇADINHA


vi quando ela passou
no lombo do burro
agarrada no seu pai
da beira da estradinha

levou meu olhar
pra eu ver nascer
minha eterna rainha
saí serelepe
nas asas
dos meus pés de moleque
pus minha roupa de missa
minha botininha

crescemos e cresceu
reguei o meu algo novo
como a semente da plantinha

eu viajava sem rumo
no voar duma andorinha

vi que crescer era triste

quando a moça
arrumou um par
passou por mim
toda engraçadinha
foi morar de vestido branco
noutra cidadezinha

seu pai então me adotou
como um filho que não tinha
sem saber
que foi de mim roubada
a pureza que eu sentia
desde os tempos da escolinha

guardo minha esperança
mirando do alto da colina
acima da mina
onde a gente não sabia
de menino e menina

pra sempre esperar
ela um dia voltar
na beira desta estradinha

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